Desenvolvimento e mapeamento de oportunidades com uma solução que visou afetar a comunidade ao meu entorno para resolver uma das ODS da ONU – a fome!
A fome é uma das maiores problemáticas no mundo, e isso não é de hoje. Como abordar um tema tão complexo como este e encontrar soluções? Esse foi o meu pensamento inicial quando a IF (Interação do Futuro) nos permitiu trabalhar em um dos tantos temas da agenda da ONU. Desafiei-me a escolher este tema e, assim, comecei a examinar um panorama, partindo do macro para o micro, a fim de entender que onde estamos atualmente é um ponto de partida para a ação. Ao longo do projeto, o objetivo é apresentar de maneira palpável algo aplicável no meu cotidiano. Sem mais delongas, vamos ao trabalho.
Com base em uma desk research, alguns dados se mostraram importantes a serem considerados, e as principais problemáticas surgiram:
O Brasil volta a figurar o mapa da fome
Há muito desperdício de comida, tanto advindo das famílias quanto dos comerciantes.
60 milhões de pessoas enfrentam falta crônica de alimentos, a situação no país é mais grave do que a média global.
A fome é um dos principais problemas atuais, causada pela desigualdade social.
Faltam incentivos, pensar de uma sociedade como um todo
O tema da insegurança alimentar é grave
Como controlar/reduzir o desperdício de alimentos onde vivemos e destina-los a população necessitada, traçando assim um paralelo com o problema central que é o da fome.
Obeservação: Ter consciência que é necessário começar com uma iniciativa micro para depois expandir, visto que é um problema global e que demanda muito esforço para ser corretamente executado.
Destrinchando todo o problema e entendendo o contexto
A fome no mundo está em crescente, atingindo, segundo a ONU, 9,8% da população global. A situação foi acelerada pelos efeitos da pandemia e pela guerra na Ucrânia, que aprofundou a crise de alimentos. Antes da pandemia, estimava-se que o número de pessoas em situação de fome no mundo era de 8 milhões, e esse número permanecia inalterado desde 2015. O mundo está pessimista sobre o momento e se afasta dos ideais da Agenda 2030. A grande recessão e os conflitos atuais lançam incertezas, com aumentos graduais nos preços dos alimentos, combustíveis e fertilizantes.
Como consequência do aumento da fome no mundo, o Brasil também seguiu a tendência. Atualmente, cerca de 33 milhões de pessoas no país não têm o que comer, representando uma piora absurda em um cenário já desafiador. Isso ocorreu pelos efeitos da pandemia e por políticas públicas. O número aumenta quando falamos sobre o tema da insegurança alimentar, estimando-se que 60 milhões de pessoas passam por esse problema no país, afetando um em cada 3 brasileiros.
No contexto de onde moro, na cidade de São Paulo, a situação é a seguinte:
A situação na cidade nunca foi tão grave. O centro ainda se mostra, de certa forma, mais controlado devido a programas como o Bom Prato e doações de alimentos. No entanto, à medida que nos afastamos do centro, a situação se agrava drasticamente. A população continua desempregada, perdendo empregos, sem poder pagar aluguel e sendo despejada. Houve muitas reintegrações de posse, o que aumentou catastroficamente a população em situação de rua na cidade de São Paulo e, com isso, a fome.
Como ponto de partida, escolhi utilizar a matriz CSD, para tentar levantar o máximo de questões e informações pertinentes ao tema da fome, essa foi a primeira matriz de alinhamento, onde perguntas para os usuários da entrevista foram fomentadas
Em seguida, visando entender todo o contexto, realizei uma pesquisa qualitativa por formulário partindo do macro, com uma visão geral da fome no mundo e depois fui afunilando para uma orientação micro para o centro de São Paulo. A pesquisa juntamente com a matriz foram essenciais para definir perguntas mais assertivas para atingir o público alvo.
Insights desk research
Insights pesquisa com usuários
Com os insights obtidos tanto nas entrevistas em campo com os usuários quanto na desk research, agrupei por meio de um mapa de afinidade as principais características das partes envolvidas. Essas partes incluem o problema da fome em relação ao desperdício de alimentos, com personagens principais sendo os donos de estabelecimentos que produzem e comercializam esses insumos, além das pessoas em geral que enfrentam fome extrema e insegurança alimentar. É importante frisar que a pesquisa foi conduzida considerando o bairro onde moro, que é no centro de São Paulo, na região da Bela Vista – Centro. Abaixo, estão alguns dos exercícios que realizei para compreender mais a fundo o público afetado:
Com uma visão mais abrangente das necessidades e do comportamento do produto, foram criadas duas proto-personas para representar arquétipos distintos. Uma no cenário do dono de restaurante, responsável pela manipulação dos alimentos, e outra na perspectiva da pessoa que enfrenta necessidades e sente fome.
Estes dois exercícios foram aplicados no processo para deixar claro e já pensar nos objetivos e metas que vamos seguir, ter este escopo em mente desde a concepção do projeto é importante para focar no que vamos impactar de imediato.
Todas as decisões do projeto foram tomadas com base na aplicação da matriz de priorização, que oferece vantagens como a capacidade de me auxiliar a concentrar nas tarefas mais importantes e críticas para o sucesso do projeto.
Com as etapas de identificação e definição realizadas, ficou claro que o próximo passo seria concentrar esforços nas áreas mais críticas para o sucesso do projeto. Para isso, foram geradas diversas ideias a partir das informações coletadas junto aos usuários.
Com isso a seguir mostro um mapa de ideias que visa resolver os problemas identificados e atender às necessidades dos usuários. As ideias foram organizadas em categorias e avaliadas quanto à sua viabilidade e impacto no projeto.
Levei em consideração pontos-chave recolhidos em conversas com meu público-alvo, o que me permitiu avaliar cada ideia com mais precisão e identificar quais eram as mais críticas para o sucesso do projeto.
Ao utilizar a matriz de priorização, pude alocar os recursos que eu dispunha de forma mais eficiente para garantir que as tarefas mais importantes fossem concluídas primeiro. Afinal, o objetivo era lançar um MVP que pudesse ser construído de forma iterativa. Além disso, com essas informações em mãos, pude visualizar claramente quais ideias eram mais importantes e por quê, o que ajudou a manter meu foco e motivação durante o desenvolvimento do projeto.
Com a parte estratégica em mente, chegou a hora de focar na construção e colocar a mão na massa para a concepção da ideia. Essa ideia foi idealizada com base nas atividades de alta prioridade e alta viabilidade da matriz anterior. Para esta primeira entrega, foi pensado um serviço de acompanhamento com um bot no WhatsApp para restaurantes parceiros, assim como a difusão do conhecimento sobre o panorama geral da fome no nosso contexto. Para ilustrar como seria essa abordagem, desenvolvi um storyboard contextualizando todas as etapas do nosso contato, que pode ocorrer tanto online quanto offline.
Com a perspectiva do contato e da abordagem inicial offline definida, chegou a hora de traçar o fluxo de conversas para o contato online. Como especificado acima, optou-se por utilizar um chatbot no aplicativo de mensagens do WhatsApp, uma vez que todos os donos de restaurantes entrevistados demonstraram familiaridade com esse meio em seu dia a dia. Abaixo, desenvolvi dois fluxos: um inicial mais básico, para começarmos a rodar o experimento o mais rápido possível, e outro mais complexo com integração a um banco de dados para uma futura atualização, quando houver uma maior difusão da iniciativa
Estes fluxos também foram desenvolvidos em uma esfera conversacional mais informal, considerando que as pessoas envolvidas, neste caso, os donos dos restaurantes que manipulam os alimentos, buscam praticidade e rapidez ao informar sobre o recolhimento da comida. Após o contato deles, nós da iniciativa recebemos a mensagem para o recolhimento com o horário agendado.
Pensando em outra perspectiva, achei interessante dar uma identidade à iniciativa, atribuir uma personalidade à marca e escolher um nome para ser lembrado. Para isso, reuni algumas opções que mais me agradavam e selecionei uma para seguir. Quanto à escolha de cores, quis agregar algo descontraído e que, de certa forma, tivesse uma conexão com o tema central, que é a fome. Por isso, a parte do meio do logo lembra o formato de um garfo. Abaixo, demonstro como ficaram as aplicações dos estilos em múltiplos usos:
Chegou o momento crucial da entrega do projeto, e era fundamental apresentar os primeiros passos de forma organizada e clara para todos os envolvidos. Para isso, desenvolvi um roadmap que listava todas as iniciativas estipuladas no plano de desenvolvimento do projeto, criando uma visão geral do progresso do trabalho até o momento e minha visão de futuro.
O roadmap será importante para manter os stakeholders bem informados sobre em que ponto de entrega estamos. Acrescentei algumas milestones que vão definir novas fases deste projeto.
Ao desenvolver este roadmap, fiz uma pequena alteração no plano de desenvolvimento para priorizar as tarefas mais importantes para a criação do MVP. Isso foi essencial para garantir que o projeto entregasse um produto viável e que atendesse às necessidades dos usuários o mais rápido possível.
Para esta primeira entrega de valor da iniciativa, pensei em implementar todos os dados do primeiro diálogo com o restaurante parceiro na forma de um formulário, pois foi a forma mais barata e efetiva de estabelecer uma interação entre as partes interessadas. Por ser uma iniciativa independente e sem arrecadação de capital, tornaria esse primeiro MVP mais acessível, possibilitando sentir na prática como se dará esse primeiro pontapé na jornada. Assim, consigo entregar valor mais rapidamente e aplicar esta fase de arrecadação de alimentos, prosseguindo, consequentemente, com o plano da instalação do chatbot.
Durante o processo, mergulhei de cabeça nas questões humanitárias da agenda 2030 da ONU. Aprendi bastante sobre a problemática da fome, que foi o tema abordado com esta solução. Consegui observar na prática como é pensar fora da caixa para tentar ajudar numa causa tão complexa como essa. Sem dúvida nenhuma, agreguei mais conhecimento na questão da aceitação e conversa com as pessoas interessadas no projeto. Com esse pequeno passo, consegui mobilizar alguns restaurantes do meu bairro.
Para os próximos passos, conforme sugerido no roadmap do serviço, pude incluir algumas ações, tais como: uma segunda abordagem mais complexa para o chatbot com o auxílio de cadastro e a disponibilização de um banco de dados para validação de informações. Além disso, considerei a possibilidade de parcerias com fornecedores, que poderiam ser alcançadas com a maior difusão do programa. Mais adiante, também planejo desenvolver um aplicativo para auxiliar com gamificação e pontuação, oferecendo benefícios para os estabelecimentos que mais doarem.